20 junho 2006

Debate


No movimentado site CRONÓPIOS, levantou-se nos últimos dias o debate em torno do primeiro curso de formação de escritores no país, criado pela PUC-RJ, por iniciativa do professor Paulo Henriques Britto. Diz-se que a criação do curso inspira polêmica, pois há vozes irritadas com a provável sugestão de se pré-fabricar um Guimarães Rosa.

O criador do curso defende-se, com o habitual bom humor, dizendo que um arquiteto não se torna arquiteto simplesmente por ter cursado arquitetura. Ainda em defesa do curso, Paulo Henriques ilustra que cursos como esse são comuns e tradicionais nos Estados Unidos e Europa. Por lá muitos escritores de prestígio já teriam sentado nestes peculiares bancos universitários.
O primeiro emprego de Elisabeth Bishop foi o de revisora e orientadora de aspirantes a escritores. Ela recebia os escritos via correio e divertia-se com o despreparo das pessoas que almejavam antes de tudo, a glória. Ela realmente não acreditava que um escritor pudesse ser “construído” num curso formal. Mas, como dinheiro é sempre bem-vindo, ela foi escritora visitante em diversas universidades americanas até o fim da vida.

No debate da CRONÓPIOS, muitos nomes famosos defendem o curso, deixando claro que jamais se formará um escritor nesses locais, mas orientar-se-á aqueles que possuem talento ou não, sobre as diferentes técnicas narrativas. É mais um empreendimento facilitador do qualquer outra coisa, dizem. Milton Hatoum ratifica “para saber escrever bem, é preciso saber ler bem”. É.

O dito curso é iniciativa louvável porque acrescenta. No entanto é preciso uma reflexão e em seguida uma possível conjugação de esforços, para que as milhares de instituições encarregadas de propagar o conhecimento sejam eficientes na formação de bons leitores. Afinal o fosso é profundo.

Tarco Zan

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