22 junho 2006

Nu Artístico


- Você não tem vergonha?

- Letras são minhas vestes. Transparentes para uns, herméticas para outros... Bem, cada qual com sua visão. Pode ser que eu as leve a sério demais, mas sinto tanto frio. Não sei viver Eva, índia, nada contra os naturalistas também. Uma segunda pele é necessária a fim de que possa ser desvendado o mistério. Pois toda substância requer uma forma. Não vê a alma? Então, nem eu. Por isso é que há o corpo do texto.

- Papéis engavetados têm a utilidade de alimentar as traças no tempo. E mais o quê?

- Das roupas palavras minhas descansadas nas gavetas, retiro o que me caberá aquele dia. Das que não mais me servem, dôo a quem doer ou amasso, reciclo. O que parece lixo para mim, pode não perecer a você e vice versa. Haverá sempre um verso descartável, mas nada que não possa sofrer uns ajustes. Às vezes caem como uma luva, por mais clichê.

- É verdade que o Modismo atual se aliou aos movimentos
ismos vanguardistas do passado?

- Talvez foi posto um remendo nas calças páginas rasgadas, parágrafos semi-novos, alongados ou curtos na metragem. Melhor inspirar-se no bom, que não ter idéia alguma. Essa história de que não se deve repetir roupa soa burguês, conservador, deveras. Afinal, não se julga um livro pela capa, mesmo sendo de capa dura, dessas edições de luxo. Daí o custo se eleva. Preconceito!

- Apelação muita, isso sim...

- Perguntas encerradas? Ok. Ninguém tem todas as respostas mesmo. Apenas discordo de você, porque não se trata de apelo. Leia: Isso aqui é só uma exposição de arte!
Pal

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