05 março 2007

NADA ESTRANHO

Eu confesso sem medo que não entendi muito bem o filme A Passagem do diretor suíço Marc Forster. Mesmo lendo em seguida sobre o enredo, não consegui. Engoli, sem digerir muito bem, quando um rapaz disse, num desses fóruns de internet, que o filme era acessível somente para pessoas inteligentes e perspicazes. Deixei pra lá, e fui cuidar da minha vida, atividade que me exige toda a perspicácia.
Não consegui engolir o nó na garganta com Em Busca da Terra do Nunca e desatei o nó com lágrimas. Eu só soube muito depois que se tratava do mesmo diretor.
Quando li sobre Mais Estranho que a Ficção, achei imperdível mesmo resguardando a desconfiança para qualquer surpresa de ordem perceptiva. Com Emma Thompson no elenco, eu tinha que ir ver mesmo que fosse um videoclipe. E minha surpresa foi assistir a um filme muito bom, que poderia ser escandalosamente bom. Da mesma forma que a morte transformaria o livro inserido no enredo do filme numa obra-prima, a mesma coisa talvez aconteceria com o filme propriamente dito*. Mas é preciso pensar nas pessoas, nos medos dessas criaturas capazes de sonhos encantadores e pesadelos horrorosos. Desta forma, estou de acordo com a opção do diretor.
Em Mais Estranho que a Ficção, um homem passa a ouvir sua vida sendo narrada por uma voz feminina e no dia em que ouve que irá morrer em breve, ele se desespera e corre pra tentar desvendar o que está acontecendo. A psicanálise não o oferece qualquer tipo de ajuda. Toscamente, quem consegue lhe encaminhar é um professor de literatura. O personagem do filme descobre que é o personagem de um livro sendo escrito. Quando a escritora, interpretada por Emma, se depara com sua criatura em carne e osso, o espanto é motivo de aplauso para quem assiste.
Emma Thompson é perfeita.
A história remete a um conto escrito por Pierre Louÿss em 1919, A Falsa Esther. Nele uma filósofa vivia tranqüilamente até o dia em que sua empregada encontra no jornal um folhetim no qual o famigerado Honoré de Balzac toma para si essa Esther “real” e a transforma em personagem sua, ditando-lhe também o dia da sua morte. Outra interessante similaridade é que tanto no filme quanto no conto, os personagens tornam-se reféns de seus criadores e aceitam passivamente o destino, ou melhor, a sentença.

*A comicidade dá o tom do filme, mesmo nos momentos de tensão dramática. Talvez a sobrevida tenha sido a opção acertada e a morte estragasse o filme por completo. Enfim, conjecturas.

TARCO ZAN

Um comentário:

Junior disse...

Antes de mais nada eu ainda não vi o filme então não posso falar mto sobre ele, MAS eu realmente to mto curioso pra assisti-lo. O que me dá empolgação é o roteiro e a reportagem que li sobre o filme na minha SET! Perdão, mas não gosto do Will Ferrel, porém ele pode conseguir provar nesse filme (pode ter provado para alguns q já viram o filme, kem sabe...) q não é SÓ um atorzinho de comédia! (assim como Adam Sandler é só um mero atorzinho! e sem eskecer de Martin Laurence!!! eca!!!) Desculpa se fugi do assunto!!! mas não posso perder a oportunidade de falar sobre esses kras!!! Obrigado pela paciência! hehehe!