01 julho 2008

O dia do juízo final


Não houve muito tempo. Deixou o hospital às dezenove e já às vinte e uma morria. "Pelo menos foi em família", choramingou uma das filhas.

Teve uma outra que correu em direção à cozinha, seguida pelo marido.

"Seja forte", disse ele, abraçando-a. Ela queria falar algo, mas a voz não vinha, só lhe saindo soluços e grunhidos. O marido trouxe água, fê-la sentar.

Após o segundo gole, ela tomou fôlego e gritou, alto, um escândalo que atraiu todos que velavam a matriarca.

Ao ver aqueles rostos apiedados entrando na cozinha, ela levantou vigorosa, o copo indo parar na pia, espatifando-se. "Vão", bravejou, "podem continuar rezando. Mas vocês sabem que aquela vaca não vai pro céu nem a pau!"

Nenhum comentário: