10 outubro 2008

deserto

perdi um caderno
na verdade eu o deixei pra trás
eu sentei sobre ele, levantei e subi no ônibus
indo a lugar nenhum, apenas vigiando as pessoas
ensimesmadas, mas a moça ao meu lado passou a cantar
daí lembrei de uma frase familiar guardo esperança se chove no atacama
que eu havia escrito num poema de que não gostei nenhum pouco no caderno
caquético, solitário, atacama, mortal, jequitinhonha, saara
além disso não consigo mais nada desse poema cujo destino me dá calafrios

agora inês é morta, reconheço
e também ana, de quem não me despedi
nem vi em anos, de quem não fugi do beijo

tarcozan

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