13 novembro 2008

guardada sem anjo

Passei o dia com medo de mim
Em casa, na cama doente
Feito uma prostrada
Digna, depreciada pelo mundo
Com toda ausência da qual sou depressiva
À espera de outro dia à mesa
Para comê-lo feito pão
Só, tenho fome de companhia
Desmereço qualquer nada amanhecido
Estou imunda em camisa
Cabelos sem pentear há semanas
Unhas imensas surradas que me aprazem
Ao coçar a pele em pelo duro
Meu sexo ferido me impede de gritar
De novo com o vizinho, que fode com outra
Testa do lado de lá essa fina
O teto de cal está preto
Cai toda fuligem sobre mim
Também a goteira em minha parede
Ao chover a cada cinco luas

TORTURA CHINESA
Olho meu corpo chupado
Pensando em meu rosto amarelo
Que não vejo desde que sobrevivi
Espelhos limpos custam caro, água vale ouro
Nem sei porque até então adoeci
Sou a própria réstia de bunda tóxica
Uma personificação gasosa da moléstia
Caída sobre os moles a evacuar gases

PLASMOSE
Corto nomes para ser dileta
Já inventei Clarisse, Virgínia, Niágara...
A gata de vidro
Que subiu no telhado triste
E se foi no meio

MORTE
Dormiu sete vidas mansas
Perdeu o sonho eterno sem rima
Manias de ânsia, - TOC TOC!
(TRANSTORNO)
Faz isso para ocultar sua perfeição
Casando palavras tal deus
Como se fosse possível qualquer miau
O seu fundo é sifilítico
Chora, paralítica, superficial
Quer ir embora, mas amantes não vem

TRAVESTIDO DE SOCIAL
(Alguém bateu alado)
Terá de esperar agora o ânimo
Para dar 9 meses novos
Em nome do filho mais que do pai
Porque me cerco, ilha de todos
Por nenhuma porta

texto original Sem anjo da guarda de paola benevides
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