24 junho 2009

Os nomes de Annie Proulx

Trecho de entrevista com Annie Proulx, a contista de Brokeback

Seus personagens têm nomes memoráveis – Wavey Prowse, Leetil Bewd, Flyby Amendinger, Beaufield Nutbeem. De onde eles surgem? Você os tem em mente quando inicia uma história?

AP: Às vezes eles surgem na metade da história, outras vezes eles mudam seis ou sete vezes. Tenho um caderno repleto de nomes que continuo preenchendo. Uma vez Jim White (cantor), que gravou um álbum que eu aprecio chamado Wrong-Eyed Jesus, fez pra mim uma lista de nomes retirados do jornal e ali havia muitos nomes interessantes. Mas não utilizei nenhum deles. Eram um tanto peculiares demais enquanto os meus são nomes mais comuns e modestos.

Ribeye Cluke é um nome comum?

AP: Bem, depende do seu ponto de vista. Você pode estar subestimando as pessoas. Não me surpreenderia caso exista quatro ou cinco Ribeye Cluke oriundos do seu estado.

Você já pensou em ceder um pouco e pôr uns John Smiths nas suas histórias?

AP: Não, a razão pela qual eu descarto nomes literariamente recorrentes nos meus personagens é que os John Smiths da literatura (americana) me enjoam – Bob e Bill e Joe e Nancy e Sandy e Fanny e por aí vai. Passei a utilizar nomes mais distintos como um recurso para ajudar os leitores a retê-los na memória.

Você mesma mudou de nome várias vezes. Suas primeiras histórias são assinadas como E. A. Proulx. Agora é apenas Annie Proulx. Por que você mudou de nome?

AP: Quando comecei a escrever histórias e tentar coloca-las em evidência nas revistas, insistiram que fosse E. A. Proulx. Dessa forma, quem lesse não pensaria que o autor fosse uma mulher. Editores sexistas…

Fonte: Paris Review
Tradução nostra.

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