14 dezembro 2009

soneto do ódio mortal


Me deparo, Amor, com o teu oposto.
Parece contigo e com o teu corpo:
O Ódio mais acesso e mais rápido.
Entende-se o Amor pelo avesso.

Ele me chegou outro pela escada
Abrindo portas, batendo gavetas,
Deixou nossas coisas às claras,
Pôs desnudo o Todo encoberto.

Poderia eu fazer poema mais casto
Falando do Amor pelo inverso?
Se jogaste em mim o cristal,

Foi por não encontrar outro objeto.
O Amor tem dessas coisas,
Quando não vai, manda seu verso.

Rodrigo Marques

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