Coetzee, escritor sul-africano, conseguiu entrar para o cânone da literatura de língua inglesa depois do prêmio nobel em 2003. Sua obra registra os conflitos de sua terra natal, que não faz muito tempo incomodava alguns setores internacionais com a sangrenta e vergonhosa segregação racial. A África branca nunca foi tão importante quanto é hoje Israel para continuar exterminando impunemente outro povo. Coetzee junto com Nadine Gordimer foram reconhecidos com o nobel pelo engajamento de suas vozes por meio da literatura.
Juventude faz parte de uma trilogia que reconstrói a tranformação do garoto naquilo que ele quer ser. Vários pontos de identificação, para quem, como nós, até sabe fazer outras coisas mas quer mais é ser artista, são construídos de forma entrecortada, fílmica, contemporânea: reunir experiências para tranfigurá-las em literatura; pôr-se à prova do mundo longe de casa, da família; culpa pelo manejo egoísta dos sentimentos alheios; inspiração na biografia de escritores que chegaram lá, etc. Interessante também observar o caráter exilado dessa formação artística que se dá em Londres, em meio à multidão de estrangeiros (iguais na oposição aos ingleses) que toma as ruas da capital da Inglaterra na década de 1960.
Juventude: cenas da vida na província II, J. M. Coetzee; Tradução José Rubens Siqueira (cia das letras).
Tarco Lemos
Um comentário:
Atualíssimo! Identifiquei-me com a identificação do garoto artista (que sabe fazer outras coisas também).
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