11 julho 2012

Blogs

Os blogs da tradutora Denise Bottman são muito inspiradores. São bem feitos. Dá vontade de replicar (claro, do meu jeito). Ela tem um blog fantástico que se posiciona firmemente contra as réplicas de tradução:  http://naogostodeplagio.blogspot.com.br/
Acompanho a página desde o início do ano e é impressionante o número de traduções de grandes obras da literatura universal que são surrupiadas por editoras inescrupulosas. Elas reeditam traduções antigas como se fossem novas, alterando o nome dos tradutores, algumas vezes "criando" tradutores-fantasmas ou simplesmente editam plágios, com pequenas mudanças para disfarçar. Agem, portanto, de má-fé. Segundo a tradutora blogueira, algumas dessas editoras ameaçaram processá-la ou a processaram de fato. De qualquer forma, ela é uma profissional reconhecida e o seu trabalho, mais nítido nos blogs, fala por si mesmo.

Os casos de plágios de tradução são crimes e Denise presta um inestimável serviço à sociedade. Mas eu mencionei a vontade que dá de copiar a boa execução de seus blogs tendo em mente uma visão estética. O desejo de repetir/copiar/duplicar/eternizar a beleza. Clarice Lispector exemplificou bem essa tendência quando citou sua leitura de O Lobo da Estepe, de Herman Hesse, como o seu despertar de escritora. Ela disse que apôs ler o romance ela disse "eu também quero" fazer literatura. Outro exemplo é Leonardo, que perseguia homens e mulheres pelas ruas de Florença, hipnotizado pela beleza de olhos, cabelos e corpos, ávido por desenhá-los.

O blog http://abiografiadovangogh.blogspot.com.br/ é uma beleza. Ele foi feito para registrar o trabalho de tradução de uma biografia de Van Gogh. É impossível não se interessar pelo livro, como também é impossível não se sentir seduzido pelo universo da tradutora, que realiza um trabalho de pesquisa colossal dando a impressão de ser tarefa simples. Através desta página, fiquei sabendo que Van Gogh não se suicidou. Lembro que neste semestre mencionei o suicídio em sala de aula, quando falávamos de insanidade (mulheres que destoam do padrão de "normalidade" estabelecido são facilmente consideradas loucas enquanto que homens - eis o exemplo - destoantes são facilmente reconhecidos como seres atormentados pela genialidade): discutíamos Jane Eyre, de Charlote Brontë.

Outra autora que trabalhei em sala no semestre recém-concluído foi Katherine Mansfield, e justamente as traduções de alguns de seus contos. Eis que Denise construiu um blog sobre:  http://kathmansfield.blogspot.com.br/. É uma pena não ter lido e pesquisado a página no decorrer do semestre. Teria enriquecido muitíssimo as discussões e leituras. Neste blog, fui tomado por um sentimento próximo ao desejo estético. Uma espécie de familiaridade, compreensão, solidariedade, reconhecimento: "eu conheço essa dor" ou "essa dor também é minha!". É um comentário simples e genial. Denise posta o seguinte: "Uma das tristezas da vida de tradutor é ter de traduzir passion-flower e passion-fruit por maracujá".

Antes da leitura destes blogs eu já havia ou retomado ou iniciado projetos pessoais em blogs, como    http://ailsonls.blogspot.com.br/ que a querida amiga Paola encontrou por acaso no limbo virtual e que eu havia esquecido por completo - não reconheci como meu inicialmente -, e reciclei para registrar a prática de professor e coisas afins. Já o blog http://onudefrankenstein.blogspot.com.br/ decidi fazer para ir registrando textos mais longos sobre minha parte pesquisador.

E o traças continua como uma colcha de retalhos que aquece principalmente a amizade, a admiração e a tara sadomasoquista pela literatura. Em breve, plagiaremos o inexistente blog de poesia da Bethânia (do nosso jeito). 

2 comentários:

denise bottmann disse...

que encanto, muito obrigada!!!

Tarco disse...

Nós que agradecemos, Denise, por seus blogs maravilhosos!