10 agosto 2006

O FIGURA e outros Freaks

Esses dias, um desconforto pessoal esguichou sua gosma verde sobre a camiseta semi-branca de minh'alma. Motivo: seres inconvenientes perpassaram meu caminho e tive ânsias de vômito. Vomito agora, portanto, sobre eles. Ai, só de lembrar me provoca o riso e o asco...
Bem, o bizarro-mor tratava-se de um pobre-diabo trajando algo parecido com uma melancia no pescoço. Calça estilo militar, com ganchos coloridos de alpinista que balançavam presos ao passador, fazendo um ruído insuportável na sua passada torta. Local: um auditório repleto de pessoas, intelectuais e intelectualóides, em sua maioria com algum propósito propício, a fim de estudarem a literatura das crônicas. Tinham outros
freaks presentes, mas este serzinho zoadento não parava de interromper o palestrante com afirmações escabrosas. Ele difamou Shakespeare e fez a revelação do século: "não foi o escritor inglês autor de Romeu e Julieta, Rei Lear, Hamlet, entre outros e sim Francis Bacon". Ó!!!! Segundo o mala sem alça, só 2 pessoas no universo detinham esta informação. Ó!!!! Depois, ao discutirmos mitologia popular, disse ter conhecido a mula sem-cabeça pessoalmente e começou a cantarolar uma musiquinha esdrúxula: "Tou lá no meio da floresta-tá/ catar cogumelo pra fazer um chá..." Um anão com cabelo oxigenado retrucou numa voz de ET com asma: "não vai me dizer que tu é o Saci Pererê, é?" Doentio! Ficou pigarreando alto a palestra inteira, passeando pra lá e pra cá, ktikc ktikc, cooof cooof... Ao final, como numa prova de fogo pra aperrear a platéia, afirmou ser amigo de Che e ainda por cima nazista. Detalhe, ao lado de um gordinho sensível com uma falinha vagarosa de pensamento abstrato demais, havia uma lésbica com quem o nazi nordestino implicou desde o início. Até que ela não suportou e mandou-lhe calar a boca, pediu-lhe pra erguer o braço quando fosse perguntar algo, já que atrapalhava o professor. Ele reagiu maleducadamente com um: "você me respeite, meto-lhe a mão na cara, sua rapa... Sua rapazinha!" Foi um bafafá geral, o maior terrorismo, todos calados, até eu tive medo, fiquei pasma. Sei lá se esse demente tira uma arma das botas... Quem tentava dar aula, também tentou acalmar os ânimos da platéia, ameaçando chamar a segurança. Que maníaco! Pelo que vi, o 'amor' por esse traste era mais que recíproco. Ele se tocou e foi embora, nervosinho. Será que foi pro banheiro chorar? Talvez. No fundo ele necessitava de carinho e atenção, alguém que acolhesse seus ideais vanguardistas insanos pra 'fazer o social', é isso, queria fazer amiguinhos no fundo, o coitado. O alívio foi imediato com sua ausência, a brisa do ar-condicionado tocava a fronte dócil e o caderno de páginas esvoaçantes dos demais. A sanidade felizmente sanou os nervos incruados da carne da demência. Mas foi difícil a digestão.

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