- HELLo!
- Tou a fim de puxar um.
- É? E eu tava lendo Rimbaud.
- Acho que dormi pouco, tou me sentindo mal também porque me sinto injustiçado. É que me disseram umas coisas... Era pra eu ter contestado!
CONFIDENCIAL
- Quanto absurdo, quanta metidagem à bosta.
- Fui um bunda mole, não sou "vivo"... Só precisava de um risadinha contigo. Vou aí! Tu desce aí a gente fuma na calçada!
- Pera, que horas? Tou fodida de gripe.
- 17? 17h30? 17h40? É, sei... Fica pra después.
- Não queria ter que dizer não, até porque eu nunca digo.
- Acho que não vou aguentar essa porra toda muito tempo não.
- Que tu vai fazer?
- Eu não consigo ver a graça às vezes.
- Que tu quer fazer?
- Não me sinto tranquilo pra apertar o off, fiz porra nenhuma ainda.
- Aguente firme mais um pouco, eu que fiz menos ainda já pensei nisso mais vezes.
- Mas porra, meu cabelo tá caindo... Ninguém faz mais musica que preste, ninguém é cortês, o trocador jogou meu troco que o dinheiro voou!!!
- Não se acabe por uma merda dessas, não se troque com essezinhos.
- Aí eu olhei pra cara de catita dele e disse: valeu TROCADOR! E ele disse: de nada.
- Filho da puta desgraçado, agora entendo porque matam uns aos outros. Sinto vontade mais agora de matar do que de me condenar.
- Sim, mas tem uma coisa...
- Prisão dentro da prisão mundana?
- Estão notando o que só eu notava antes: minha inépcia. Tenho jeito com quase nada, eu queria uma faxina também.
- Não abaixa a crista, só assim vão te valorizar.
- Sei lá, o pior que se for por vírus eu vou também.
- Vírus? O que?? Explica essa porra direito, tu tá enculcado, relaxa.
- É, tipo a europa teve umas ondas de peste que deu pra dar uma equilibrada na quantidade de gente no decorrer da história.
- Caralho, meu professor de filologia falou das utilidades da dengue pra controle populacional mesmo. Ê Brasilzinho...
- Aí eu disse que queria uma faxina, muita gente no mundo, mas ao mesmo tempo eu posso ir junto caso houvesse uma faxina "natural" dessa, um vírus.
- Algumas pessoas tem que morrer, devem morrer. Você não, não agora. Dizem que os bons vão antes, mas não tem nenhum bonzinho aqui... Ou tem???
- Sei lá, tou ficando neurótico, mais até acabei de limpar meu banheiro todo com água sanitária e minha mão tá ardendo.
- Tou cansada. Macho, mania de limpeza exacerbada é TOC? Transtorno de ansiedade PURA.
- Não, ninguém vale o ar que respira.
- Essa porra já matou alguém? Ah, uma bazuca...
- Sim, queria tanto que tu fizesse o troço sobre os suicidas.
- Pára de falar nisso, seu filho da puta!
- Por falar nisso, vi um livro do Stevenson, "o clube dos suicidas".
- Tou lendo Rimbaud, tou curiosa pra ler as cartas de Van Grogue, dizem que se assemelham muito Gogh e Rimbaud, quem disse foi o Henry Miller.
(silêncio)
- Tarco? Pára com isso...
- Não, tu não ia escrever sobre escritores suicidas?
- Acho que preciso escrever um livro e me sentir satisfeito pra só então dizer bye-bye. A gente vai de qualquer forma mesmo...
- Pois é, mas tu quer viver pra ti ou pros outros? Tu ama a ti ou aos outros? Eca, fui bíblica.
- Eu vivo muito pra mim, o pro é que a convivência é uó, o maior problema pra mim por exemplo é minha indiferença em relação aos outros.
- Tenho tanta coisa pra te contar... O quê? Tua indiferença em relação aos outros? Se fosse indiferente não se importaria com o TROCADOR ou com aquelas merdas todas pequenas, eu te conheço, acho.
- Minha relação comigo mesmo é de amor e ódio, tipo atração fatal, Glen Close. E o pro com o cara nao foi a falta de delicadeza dele não, foi a feiúra do todo... Tipo, da pra sentir raiva de um jumento que não faz o que se espera dele? Mas me fala o que você tem pra dizer?
- Jumentos são mal tratados por isso. Eu ia dizer um monte de besteira. Que ando por aí com frio, fome e bêbada, mas tendo conforto dentro de casa. Daí um cara chega do nada na minha vida e me paga uma moto-táxi. Até então nunca tinha andado de moto, e na chuva.
- É, a gente é amparado. (risos)
- Todo mundo me diz agora: 'não anda por aí assim, você pode ser estuprada, violentada, esquartejada'.
- E aí?
- Não ando mais. Quebrou o clima, quebram minhas vontades pelo medo.
- Afinal, o Barra Pesada que o diga.
- Mas a gente fica imune ao medo quando não liga pra vida, eu tava nesse estágio (terminal). Só que não raspo mais a cabeça.
- Bem, risco há.
- Não sou dodói mental não, os outros é que são. Eu só queria minha liberdade, se é que existe.
- Mas eu também, vivo chegando tarde e assombrando o povo que diz que sou corajoso, todo mundo tá com medo.
- Mas quando você não tem dinheiro, você acaba se vendendo, aí me tranco.
- Bem, liberdade custa caro.
- Falando nisso, é caro tudo quando não se é caro aos outros.
- Até o cu, por mais que o doidinho lá diga que nenhum vale mais que 50$.(risos)Se bem que a maioria dá de graça mesmo.
- Quando é por prazer, eu não digo nada.
- Eu também. (risos) O inferno é os outros!
- Por que tu acha que passo o dia dormindo? E a madrugada criando? Porque não tem ninguém por perto assim, pelo menos os que me fazem mal...
- Pra preencher, é...
- E quando esses desgraçados me atingem, o projétil volta bem no olho do cu deles, sofrem o dobro. Eu sou foda mesmo, ando foda!
- Tudo volta tipo um bumerangue e eu nunca li Paulo Coelho.
- É mentira, você leu Verônica Decide Morrer. E eu só li contos rápidos.
- Não foi uma leitura, confesso. Decodificação.
- Mas ele soube jogar o joguete e se deu bem. Ele deu o cu pro capeta e conseguiu ficar famoso.
- Tá, todo mundo gosta do cara, nao vou esculachar, não li, bem, pois é, fez um ótimo negócio.
- Odeio a falinha dele, por aí tu tira que é um fraco, mas mesmo assim deu o cu pro demo. Tá bom, eu me calo. Tou aparentemente na flor dos nervos e tou aqui com aquela cara pacotária.
- Odeio ele representar o Brasil lá fora... Porra, todo país fudido da América do cu tem um nome de respeito: Garcia Marquez, Borges, Neruda... Que foi?
- Delay, não Dejavù. O tempo me afeta pra caralho. Se eu morrer e for cremada, ponha as cinzinhas numa ampulheta, faz favor.
- Parece que a Xuxa também, me garantiram que dá pra ouvir o satan no hilari-Ê até baixando da net. E a ampulheta? Tua mãe nao vai deixar.
- Sei lá, se bobear ela vai antes (por ordem de chamada). Não queria...
- Mas eu dou um jeito de te desenterrar e queimar.
- (risos) Até a última ponta? Vai, me fume!! Mifume, era um personagem japonês dum livro que li daquele bruxo que tive um causo amoroso.
- De repente eu injeto com um pouqinho de heroína pra ter uma visão do mundo através dos teus olhos, já pensou que louco?
- (risos e risos) I'm a Super heroin!
- Aí eu papoco numa overdose de papoula... Puta que pariu, dei uma cheirada na minha toalha molhada chega fiquei tonto.
- Tou com dor de cabeça.
- Te precisava demais.
- Bora ver Edith Piaf semana que vem?
- Sim!
- Olha, by Henry Miller - "A História dos assassinos" - estudos sobre Rimbaud. E na capa do livro tem uma ampulheta, sincronicamente.
(...)
Paola Benevides e Tarco Lemos
2 comentários:
- Até o cu, por mais que o doidinho lá diga que nenhum vale mais que 50$.(risos)Se bem que a maioria dá de graça mesmo.
aeuhaueha
nooooooossa que doidera esse blog
vou verificar mais vezes ;]
tbm queria fumar um
mas tenho que sair do trampo priemeiro
tchau
shit
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