Dearest lola palooza,

Que desassosseguinho bom! Simplesmente não consigo largar o a home at the end of the world. Nele você se chama Clare, tem o cabelo cor de tangerina e cata lixo pra fazer biju e vender pra dondoca. Claro, o mundo não é perfeito. Você não é exatamente a Clare, mas no meu mundo é o que mais se aproxima dela pelo que ela representa pro Jon. Pois bem, três horinhas depois que apaguei a luz e vi pela janela o dia despertando fui sacudido pelo som de marretadas; uma parede era derrubada. Levantei com a sensação de ainda estar sonhando. No lugar em que um dia eu vi a bruxa da branca de neve se transformando em dragão, na sala de jantar, séculos atrás, não havia mais parede. Ao invés da bruxa, postava-se minha tia que mora ao lado, emoldurada por escombros, me oferecendo café. Muito sonho, mas não era. Sem opção, fui lavar o rosto e de frente pro espelho vi um rosto tão diferente de mim, aparência física mesmo, que a tensão de estar diante de um desconhecido se transformou em mal-estar, ânsia de vômito e lembrei das ervas de que falamos no dia anterior. Macabeamente não vomitei, bebi água morna. Despertei com duas canecas de café, bolo de chocolate e café e ovos mexidos. A manhã voltou a ser apenas uma manhã na qual paredes estão sendo derrubadas. Me dei conta de que eu também estou derrubando paredes. As minhas paredes no entanto não caem com marretadas. Rochas maciças... é um negócio alquímico saber dissolvê-las. Toma tempo. Nothing is real. Tou ouvindo Strawberry fields exatamente agora. Minha intenção era escrever uma carta cansativamente longa, mas o dia tá tão bonito que eu vou tomar sol e regar os nins, as babosas, as esperanças, minha palmeira, meus amores-perfeitos.

Tarco