09 janeiro 2009

idéias de raimundo carrero

Goste ou não goste, queira ou não queira, o escritor, ou o artista em geral, ele, digamos assim, escreve com o inconsciente, inevitavelmente... Agora é claro que o consciente organiza e dá harmonia a essas idéias. Mas o consciente muitas vezes, na maioria das vezes, funciona no plano da técnica, no plano da estrutura. Na ordem interna da obra. Isso, naturalmente é uma tarefa do consciente. Por exemplo, quando eu vou escrever, a primeira coisa que faço é liberar meu inconsciente. E não participar dele, não interferir nele, de forma a não permitir que as coisas se desenvolvam. Então, minha primeira posição é essa. Depois desse momento, é claro, eu adquiri a consciência de que a obra de arte é o resultado de uma elaboração técnica magnífica. Mas devendo haver, na própria obra, o inconsciente do personagem e o seu desenvolvimento. Isso é importante. Eu tenho, por exemplo, O Amor não tem bons sentimentos, que é o meu romance lançado a pouco tempo. Flutua ali a cabeça do meu personagem, o inconsciente do meu personagem, chamado Mateus, mas eventualmente tornado consciente pelo narrador. É preciso que o escritor tenha essa consciência: quem escreve é o personagem, quem ordena é o narrador, que é o alter-ego, o representante do autor.

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