23 abril 2009

Lawrence Raab

Quando li o poema abaixo não resisti e traduzi. Lindo, lembra Canção Por Acaso, da Adriana Calcanhotto (uma música sem som): expresão do indizível.
Lawrence Raab, o autor, eu não conhecia. Quanta gente, quanta alegria... As rimas da tradução são acidente.


O poema que não pode ser escrito


é diferente do poema
que não está escrito, ou os muitos

que nunca foram acabados – aqueles barcos
perdidos na neblina, à deriva

em latitudes calmas,
os mapas inúteis, as águas passadas

no poema que não pode
ser escrito não há perigo

com o desencargo de sentido
nenhum sentido. E este

é seu esplendor, assim é como
ele se torna um emblema

não de fracasso ou perda,
mas do impossível.

Então o vento surge. As velas gastas
inflam, e o ar fica brando.

Uma ilha verde aparece.
Todos estão salvos.


Tarco

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