30 março 2011

uns mortinhos pequenos

tenho uns caixõezinhos no coração que me
nasceram quando partiste, se regados com
cuidado, brotam mortos como flores negras pelo
interior das veias, que me assombram o sangue, corando
a minha pele numa vergonha e sentindo medo

são uns mortinhos pequenos que muita gente
nem sabe que existem, acreditar em fantasmas é
só possível para quem tem muito amor e recusa a
pequenez da vida sem continuação

tenho uns caixõezinhos no coração que se
abrem a toda hora, quando me deito, ouço-os
embatendo de encontro ao peito, talvez com vontade
de ir embora, talvez só por ser o amor tão estreito 

valter hugo mãe

do livro contabilidade

valter lê o poema no video

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