11 fevereiro 2008

Cada Um É Cada Um, Mas...


Querido Frances,

Li sua história cuidadosamente e acho que o preço para escrever profissionalmente talvez seja demasiado alto pra você no momento. Você tem que vender seu coração, suas convicções mais fortes, e não pequenas coisas que te tocam apenas de leve, experiências menores de que você discorre sobre na hora do jantar. Isto é especialmente verdadeiro quando você começa a escrever, quando você ainda não desenvolveu os truques para pôr pessoas interessantes sobre uma folha em branco. Quando você ainda não possui qualquer técnica, o que levará tempo pra aprender. Quando, em resumo, você tem apenas suas emoções pra vender.

Essa é a experiência de todos os escritores. Foi preciso que Dickens pusesse em Oliver Twist seus ressentimentos mais marcantes, de quando fora maltratado e passara fome, o que o atormentou por toda a infância. As primeiras histórias de Ernest Hemingway, In Our Time, iam de encontro a tudo o que ele sentia e sabia. No meu In This Side of Paradise, escrevi sobre um caso amoroso que ainda sangrava, vivo como a pele ferida de um hemofílico.
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Isto, de qualquer modo, é o preço da admissão. Se você está preparado para pagá-lo ou se ele coincide, ou se opõe à sua concepção do que é “agradável” mostrar, é algo para você decidir. Mas literatura, mesmo quando rasa, não requisitará nada menos do neófito. É uma daquelas profissões que requer labor. Um soldado que é apenas um “pouco” valente não despertará interesse em ninguém.

Dessa forma, não parece valer à pena analisar porque sua história é ou não vendável, mas estou contente de zombar de você por causa dela, algo típico de alguém da minha idade. Se você decidir contar suas histórias, não haverá ninguém mais interessado nelas do que,

Seu velho amigo,
F. Scott Fitzgerald

Tradução Tarco Zan

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