29 março 2008

Mudança de gênero

É chegado março. Parto. Para além de onde tua vista alcança sigo. Mais longe almejo. Há lugar na terra livre do teu pensamento?

Um dia deixei-me guiar por tuas palavras. Tola fui, pois nunca afirmaste nada. Eram todas promessas. Quem no futuro confia, acredita em nada. Para mim tu foste o poeta das reticências.

Abandono a poesia da qual tu és metáfora. Quero ser agora narrativa, talvez novela. A cada fim de capítulo, o suspense e, então, a certeza. Abandonarei as figuras. Das palavras não mais surpresa.

Não, agora decido. Prefiro ser conto. Um que seja bem curto. Assim é a vida: uma longa vogal num berro e, de repente, pronto.

Um comentário:

Tarco disse...

Eu prefiro conto também, por enquanto. Algo tchekhoviano, tipo tentar solucionar algo, só pra tentar mesmo. Porque de saída sabemos que é insolúvel essa coisa de ser humano...
Bom texto, Gil.
8D