03 junho 2008

As Pontes



Em vão explodem meus cinco sentidos
Como uma estrela de metal sobre meu sexo
Incendiando o escuro deste ventre
Profundo como o mar, misterioso
Como um búzio rolado dos meus olhos.

Pelas pontes é que passam os amuletos
Os aleijados do sexo, os tarados;
Pelas pontes é que passam os malassombros
E os fantasmas de doidos amputados,
E espectros de dementes com figuras
De navios na pele tatuados.

Nas pontes é que se instalam bichos feios
Esquizofrênicos, tristes, amputados:
Bichos de sete-cabeças e sete lados
E três faces, três membros, três cabelos.

José Alcides Pinto

4 comentários:

Unknown disse...

"Eu sou eu. íntegro e inviolável dentro de mim mesmo. O que não se descobre. Anônimo sob minha própria espinha. Atual em minha sombra incorpórea, sem faltar um só de meus gestos físicos. Eu sou eu. O fantasma de preto escanchado no arame do quintal, sob a sombra das árvores e sob a sombra da lua misteriosamente colhendo o silêncio com as mãos invisíveis e tecendo uma mortalha com o nó dos dedos para vestir o próprio corpo. Eu sou eu. O retrato destituído de vida. O gesto estático. O que está no limiar e afogado no abismo. O que anda vestido e nu, sendo louco e poeta. Eu sou eu e sozinho. Diverso sobre mim e sob eu mesmo. Oculto e visível como a lua caída no poço. Proclamado como o homem dentro da praça, no meeting, sacudindo com os gestos da boca palavras secas nos olhos da multidão. Intocável e impossível como o que não se conhece e não morre."

Marcio Araujo disse...

"Acima da consciência e da ciência está o movimento. E acima do movimento, o grande Nada."

Semiotizando disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Semiotizando disse...

seus livros dirão que pegados cometer.