07 setembro 2008

Gangrena

Olha-me o sangue estancado outra vez! Nem se se abrisse um veio entre os meus glóbulos desembolariam proezas. Poesias? Enojei-me dessa pompa com que remexo as palavras. Isso remete ao remoto das penas inalando tinta rala naquele ato irritante de mergulhar a ponta esvaziada a fim de sujar superfícies. Artifício que se repete, sempre esvazia. Parece até ser humano. Até que se chegou ao ponto reticente de criarem canetas. Duradouras, perdem-se em gavetas, mesas, chão de uma chã manipuladora sem palavras. Daí mais tarde me aparecem as datilografias pela internetagem exposta. Vitrines de fraturas. Fútil que sou me perco em cãimbras, o que explica todo esse fragmento de paisagens. Abro janelas, fecho livros, os quadros estatizam, paredes que se abrem em portais, percepções reais de hiperrealidades. Uma coleção de substantivos parece mais convidativa, uma galeria adjetival já se constitui problema de linguagem, assombra. À sombra poética de quem? A professora falava ontem da necessidade memorabilia do tempo em que se decoravam poemas, dos irlandeses que mesmo hoje declamam versos e escandem sem esconder compassos, sem reclamarem dos rítmos impostos pela sociedade. Educação em saciedade. Um gole na cerveja preta deles. Daí nos vem a vontade de dar o bom dia, de fazer o dever de casa fora dela para dar o exemplo, de escrever uma longa carta ao diabo rogando por momentos verborrágicos. E tomando um bom chá. Imagine que me rabiscam missivas ainda hoje e eu as leio chamuscada! Deve ser algum sinal de glória. Agora que digito com um pedaço de madeira amarrado ao punho esquerdo, sinto as gotas arderem dentro de mim.
Querem cuspir na cara do bobo seus malabarismos.
E não entendemos nada.
Ab so luta mente na da.

PAL

2 comentários:

Gil disse...

Não é fácil atingir a simplicidade.É como se a complexidade fosse algo inerente à nossa forma de pensar. Uma configuração errada, mas inerente, insistente. Ser simples, pensar simples, como uma palavra atrás da outra que resulta em texto, como ser menos para ser mais, como atingir a glória num sorriso, como não amar e saber o que é o amor.

Unknown disse...

Puta que pariu, tu és tão amável!